Descrição
Duração - 2 horas
Dificuldade - Baixa
Venha deslumbrar-se com as memórias passadas dos Conventos e Mosteiros de Lisboa.
No passado, constituíam uma verdadeira rede que a partir do ideal cristão, respondiam a múltiplos fins: oração, acolhimento, educação e ajuda aos mais desfavorecidos. Cumprindo hoje novos propósitos, estas antigas casas religiosas continuam a ser uma referência ao melhor de nós.
Convento do Santo Crucifixo de Lisboa (Jardim das Francesinhas)
Mosteiro de Santa Brígida / Convento das Inglesinhas / ISEG
Fugindo às perseguições religiosas em Inglaterra, em 1539 as freiras do Convento de São Salvador de Sion partem para a Flandres onde, não encontrando paz, se mudam sucessivamente, chegando a Lisboa em Maio de 1594. Depois de um período de cerca de meia década no Convento da Esperança, instalam-se no início de seiscentos em parte de uma casa particular que lhes havia sido cedida, a partir da qual começam a construir o seu cenóbio.
O edifício é reconstruído duas vezes (após o incêndio de 1651 e do Terramoto de 1755) até à saída das religiosas em 1861, ano em que regressam a Inglaterra. Mantendo-se em posse religiosa e estrangeira, o edifício é dividido, tornando-se na sede da Companhia de Jesus em Lisboa e no Colégio "Jesus Maria José "de irmãs doroteias, convivendo com períodos de forte agitação social anti-clerical que o transformaram num dos mais ferozes focos do conflito no 5 de outubro de 1910, altura em que os seus ocupantes são expulsos do edifícios e do país.
Pela primeira vez em propriedade portuguesa, acolheu desde então três pequenos museus, as instalações da Emissora Nacional (de novo ponto nevrálgico de outra revolução, a 25 de Abril de 1974) e mais de um século de ensino superior de comércio/economia e gestão.
Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré / Convento das Bernardas / Museu da Marioneta
Localizado no antigo Bairro do Mocambo (actual Madragoa), o Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré (ou das Bernardas) teve a sua génese em 1654 no Recolhimento de Santa Madalena, em cujas casas se instalaram as religiosas. Fechada a clausura a 6 de Janeiro de 1655, as obras do edifício arrastaram-se durante todo o século XVII, estando concluídas apenas em 1708.
Tendo sofrido profundos danos com o Terramoto de 1755 (ainda que sem mortes a registar), as religiosas foram instaladas no ano seguinte numa quinta ao Campo Pequeno e em 1769 em Setúbal, em propriedades que D. José lhes comprou para o efeito. Reconstruído o mosteiro (seguindo, em traços gerais, os preceitos do original), foi reocupado de 1786 até 1850, altura em que as únicas três religiosas pediram para ser instaladas noutros conventos da mesma ordem.
Tendo tido diferentes donos particulares durante quase século e meio, na sua igreja se instalou um cinema (1924) e uma oficina (década de 1950), tendo a restante área conventual sido maioritariamente ocupada por ocupação educacional (séc. XIX) e habitacional (desde o início do séc. XX). Depois de décadas a padecer de problemas de salubridade, sobrelotação e conservação, a Câmara Municipal de Lisboa adquire o imóvel em 1998, onde é instalado o Museu da Marioneta, mantendo-se simultaneamente a função habitacional.
Convento de Nossa Senhora da Soledade / Convento das Trinas / Instituto Hidrográfico
O convento de Nossa Senhora da Soledade, da Ordem da Santíssima Trindade, foi fundado em 1657 por Cornélio Vandeli e sua mulher Marta de Boz, no bairro do Mocambo, e começou a ser habitado em 1661 com fundadoras vindas do convento do Monte Calvário.
O convento foi habitado pelas religiosas Trinas até à morte da última freira em 1878, ano em que passou para a posse do Estado. Entre 1878 e 1910 o edifício foi residência das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição e depois teve ocupações diversas que contribuíram para a sua degradação física e arquitectónica, nomeadamente a destruição da igreja.
Em 1969 o edifício foi entregue à Marinha que o cedeu ao Instituto Hidrográfico, organismo que ainda ocupa a casa conventual e os espaços circundantes. Foram então feitas importantes obras de restauro que devolveram parte do primitivo esplendor do convento, que apresenta espaços notáveis, de grande riqueza azulejar e trabalho de talha. O património artístico encontra-se hoje disperso por vários museus e igrejas do país.